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  El Caminante Blanco
  A Família está acabando
 
"A família está acabando."

O psicanalista francês Charles Melman, de 76 anos, foi íntimo
colaborador de Jacques Lacan (1901-1981), o principal herdeiro de
Sigmund Freud na França. Atento observador da realidade
contemporânea, Melman usa os conceitos da psicanálise para
interpretar as mudanças em curso na sociedade atual, como a
dissolução do núcleo familiar. "Pela primeira vez na história,
a instituição familiar está desaparecendo, e as conseqüências
são imprevisíveis. Impressiona que antropólogos e sociólogos
não se interessem por isso", diz. A maneira original como ele aborda
as transformações sociais o coloca na condição de um dos maiores
nomes da psicanálise atualmente. Melman estará no Rio de Janeiro
nesta semana para participar de um seminário promovido pela
associação psicanalítica Tempo Freudiano e para lançar seu mais
recente livro, A Prática Psicanalítica Hoje.
De Paris, onde mora,
Melman conversou com o repórter Ronaldo Soares, da sucursal do Rio de
Janeiro de VEJA. Seguem os principais pontos da entrevista.

FIM DA FAMÍLIA – Assistimos hoje a um acontecimento que talvez
não tenha precedente na história, que é a dissolução do
grupo familiar. Pela primeira vez a instituição familiar está
desaparecendo, e as conseqüências são imprevisíveis.
Impressiona-
me que os sociólogos e antropólogos não se
interessem muito por esse fenômeno. Nesse processo, podemos constatar
que o papel de autoridade do pai foi definitivamente demolido. Antes, o
menino tinha na figura do pai um rival e um modelo. Um rival que
despertava nele o gosto pela competição e um modelo na busca do
prazer sexual. Já para a menina, tratava-se de um homem em quem ela
procurava se completar. Hoje, com o declínio da figura paterna,
nossos jovens podem estar menos propensos a batalhar pelo sucesso, a
estabelecer um ideal de vida e até a descobrir o gosto pelo sexo.

JOVENS NO DIVÃ – Fico surpreso quando constato que, se há uma
clientela interessada e engajada na psicanálise hoje em dia, é a
dos jovens dos 18 aos 30 anos. Eles não procuram o psicanalista pelo
fato de reprimirem seus desejos, mas porque não sabem o que desejam.
É uma situação totalmente original em relação a Freud. Antes, a
pessoa recorria à psicanálise porque não ousava realizar seus
desejos. Hoje, principalmente no caso dos jovens, é por não saber
o que desejar. Isso acontece porque nossos jovens foram criados em
condições que promovem a busca rápida do prazer máximo e sem
obrigações. O problema é que essa forma de lidar com o desejo
produz situações de dificuldade para os jovens. Isso os leva ao
divã.

BUSCA DO PRAZER – Muitos jovens encontram dificuldade para
desenvolver plenamente uma vida sexual. Isso parece paradoxal, porque
hoje em dia o sexo é muito acessível. Mas na verdade essa
facilidade leva à busca de uma vida sexual sem compromisso, que
proporcione um prazer ocasional, como o cinema, a bebida ou a dança.
Há aí uma mudança interessante, talvez uma tentativa de se
proteger em relação ao compromisso que uma vida sexual pode evocar. A
idéia é aproveitar sem se engajar, mas isso impõe uma
questão: eles aproveitam plenamente? Esse é o fenômeno que
chamei de nova economia psíquica. Ele é fundado sobre o
princípio da busca imediata de prazer máximo, sem freios nem
restrições. Esses momentos de prazer, que proporcionam uma
satisfação profunda, são vividos, mas não organizam a
existência, nem o futuro. Ou seja, a existência é feita de uma
sucessão de momentos sem nenhuma projeção no futuro, de momentos
que podem desaparecer porque não terão continuidade.

EXISTÊNCIA VIRTUAL – O mundo virtual proporcionado pela internet
faz sucesso por se tratar de um mundo lúdico. É um mundo coerente
com a maneira de viver dos jovens, não exige engajamento nem
compromisso. Ali qualquer um pode viver uma série de vidas sucessivas
sem nenhum compromisso definitivo. As pessoas querem se distanciar da
realidade não porque ela seja assustadora ou sem-graça, mas porque
ela implica sempre um limite. Além disso, a realidade requer uma
identidade, um objetivo mais ou menos claro na vida, ao passo que esses
exercícios virtuais não pressupõem nenhuma identidade, nenhuma
perspectiva e ainda derrubam todos os limites, incluindo os do pudor e
da polidez.

TERAPIAS BREVES X PSICANÁLISE – A psicanálise não busca
nenhum tipo de cura, não se propõe a isso. Está, portanto, na
contramão da medicina, cuja história é rica em experiências
baseadas na cura, com métodos variados. Alguns desses métodos,
até pelos efeitos de sugestão, não são ineficazes. Mas é
preciso saber se nós preferimos os métodos fundados sobre a
sugestão ou se consideramos que é melhor privilegiar a livre
atitude e o pensamento de cada pessoa, e assim estimular nela sua
autonomia de julgamento. Nos períodos de crise moral, como o atual,
proliferam os métodos que prometem a cura. Aos que escolhem esse
caminho, só me resta desejar boa sorte.

ANTIDEPRESSIVOS E TRANQÜILIZANTES – A saúde hoje é algo que
se calcula em bilhões de dólares. É compreensível e até
inevitável que os laboratórios estimulem o alto consumo de
medicamentos como os psicotrópicos. A questão é que a
hipermedicalizaçã
o apresenta muito mais riscos do que vantagens. No
caso das crianças, por exemplo, isso fica evidente. Sobretudo no que
diz respeito ao uso precoce, recomendado pelos laboratórios, de
neurolépticos (inibidores de distúrbios psicóticos). Esses
medicamentos vêm sendo utilizados nas crianças para tratar
distúrbios de personalidade ou combater problemas como insônia ou
falta de apetite, entre outras coisas. Trata-se de algo absolutamente
condenável, com implicações nefastas tanto sobre o desenvolvimento
quanto sobre o estado físico da criança. Outra conseqüência
grave da hipermedicalizaçã
o é a predisposição do indivíduo
para desenvolver dependência química. Primeiro, de remédios.
Mas em seguida, possivelmente, de produtos fora do mercado legal. Com
isso, poderemos chegar ao ponto em que a dependência vai parecer uma
situação absolutamente normal, porque em muitos casos terá
começado na infância.

PROZAC X FREUD – O Prozac e as idéias de Freud convivem. Às
vezes de forma harmoniosa, às vezes não. A questão é:
será que devemos apostar em um procedimento que vai tratar o conjunto
dos problemas psíquicos pelas drogas? Ou devemos continuar a levar em
conta, primeiramente, a livre escolha do sujeito e, em segundo lugar, o
próprio papel do corpo? Nesse sentido, um produto como o Prozac
desencadeia um curto-circuito. Dou um exemplo. Digamos que surja
amanhã uma droga que, agindo sobre os centros cerebrais, produza um
prazer sexual bem superior ao que se pode obter com o corpo. O que vamos preferir? Isso ou um acesso ao prazer sexual que continua a passar pelo
corpo, mesmo não tendo a mesma qualidade do que pode ser
proporcionado pela droga que atua diretamente sobre o cérebro? Eis o
tipo de questão que o Prozac traz. 
 
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